
Carta ao Leitor
O audiovisual é um solo de se refazer. Precisamos estar conscientes disso, caro leitor, ou seremos sugados pelas extravagâncias impossíveis de Hollywood. Enquanto o mundo tenta se recompor, tentamos cá também recontar histórias e buscar novos sentidos nas possibilidades que nos são apresentadas. As questões de uma sociedade quase-pós-apocalíptica parecem ser recobertas de um desejo por ressignificar, remoldar e transformar narrativas.
A retomada da vida parece um devaneio, mas também se impõe como um sonho possível, e traz à tona pensamentos conjuntos de reconstrução do mundo. O país foi engolido por chamas, mas busca agora os tesouros que guardamos nas cinzas. Assim também é pensar a cultura e o audiovisual em tempos de destruição: enxergando possibilidades, relendo histórias engavetadas e trazendo à tona o que soubemos fazer de melhor enquanto sociedade.
Com o anseio por se reinventar, a Corte Seco - Revista de Audiovisual convocou todes às portas abertas do novo mundo que pretendemos criar, respirando passado, presente e futuro nessa nova perspectiva da vida que emerge em meio ao caos. Esta edição contou com a colaboração de muitas mãos através da Chamada Aberta, enquanto uma coisa unia todas as perspectivas: o desejo de repensar o mundo.
Nesta edição, você encontrará textos sobre diversidade em novelas, infâncias queer e desenhos animados, os significados do feminino em Que horas ela volta?, as discussões estéticas do movimento Zef de Die Antwoord, resenhas que mesclam passado e presente com Marighella e Barravento, e mais uma gama complexa de debates sociais, estéticos e culturais que convidam a repensar o mundo. Boas vindas ao audiovisual do novo mundo, que ele faça cor das cinzas que deixamos voar.
Boa leitura a todes!
Cauê Henrique